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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

150 anos de Ernesto Nazareth

Janis Cassília

Hoje se perguntarmos a uma pessoa o que é o tango brasileiro, muito provavelmente a pessoa dirá “não sei”. Ou então se perguntarmos quem era Ernesto Nazareth, poucas pessoas saberão dizer. Numa época em que pagodes, sambas e outras músicas populares invadem as lojas e nossos iphones, deveríamos saber que houve outra época, em que mesclar o erudito com o popular era inovador. Um feito para grandes mestres da música brasileira, o mais reconhecido deles, Ernesto Nazareth.
Há 150 anos nasceu Ernesto Nazareth (1863-1934). Esse homem que foi, no fim de sua vida, paciente da Colônia Juliano Moreira, é visto como um dos grandes mestres da música popular brasileira, lugar de destaque que divide com Chiquinha Gonzaga. Nasceu em uma casa na encosta do Morro do Pinto na região do Porto do Rio de Janeiro. Seu pai era um despachante aduaneiro e sua mãe, que morreu quando Ernesto ainda era criança, a responsável por lhe instruir os primeiros ensinamentos musicais. Aos 14 anos compôs sua primeira música, a polca-lundu “Você bem sabe”, uma resposta ao pai, para afirmar sua vocação musical. Ernesto Nazareth compôs mais de 200 obras, a mais famosa “Odeon”, e a maior parte delas tangos brasileiros, que faziam parte dos Chorões, uma união de ritmos que animava as festas (forrobodós) cariocas. Ligado à música erudita, Nazareth trazia em suas composições elementos populares e africanos. Passou a vida, gravando músicas, se apresentando nas casas de música como pianista demonstrador e no salão de espera do Cinema Odeon. Foi reconhecido internacionalmente, o que não lhe privou de uma vida modesta, apesar de suas músicas terem dado lucro para seus editores. Casado e pai de quatro filhos, trabalhou como compositor, instrumentista, pianista e professor de música.

No decorrer de sua vida perdeu a audição e foi internado na Colônia Juliano Moreira em 1933, onde tocava piano na casa do administrador. Em 1934, depois de visita da sua filha, Ernesto Nazareth fugiu da instituição. Seu corpo foi achado três dias depois, na cachoeira da Colônia, em estado de decomposição. Era um domingo triste de carnaval. O Rio de Janeiro havia perdido um grande compositor para a morte e a loucura. 

Ernesto Nazareth aos 45 anos, 1908. Coleção Luiz Antonio de Almeida. Fonte: http://www.ernestonazareth150anos.com.br/Images




Anúncios de discos da gravadora Odeon, 1930, incluindo o 78-RPM gravado pelo próprio Nazareth contendo as peças Apanhei-te, cavaquinho e Escovado. Coleção Luiz Antonio de Almeida. Fonte: http://www.ernestonazareth150anos.com.br/Images


Reportagem anunciando a morte de Ernesto Nazareth, Correio da Manhã, terça-feira, 6 de fevereiro de 1934. Fonte: http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx



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Participação do IHBAJA no I Seminário Colônia Juliano Moreira: cartografias de um corpo de memórias em transformação.

No dia 30 de novembro de 2013, o IHBAJA participou do seminário Colônia Juliano Moreira: cartografias de um corpo de memórias em transformação realizado pelo Museu Bispo de Rosário na Colônia Juliano Moreira (CJM). Janis Cassília e Valdeir Costa palestraram sobre a história da Colônia Juliano Moreira e sobre a história de Jacarepaguá. O seminário abordou o processo de reordenação do espaço físico e das relações sociais que está ocorrendo na Colônia Juliano Moreira em vista as várias intervenções governamentais e a crise de identidade pela qual passa o recente bairro. Cenário da implantação de diversas políticas públicas na área da saúde mental, a CJM transformou-se em bairro com características próprias que acompanha as modificações estruturais e sociais de Jacarepaguá e num nível maior da cidade do Rio de Janeiro. O I Seminário pretendeu oferecer subsídios históricos, sociais, políticos e culturais para compreensão crítica dos processos que contribuíram para a estruturação da CJM na região da Baixada de Jacarepaguá, oferecendo um panorama das transformações na instituiçãoao longo do século XX até a atualidade. Na parte da manhã, Janis Cassilia, do IHBAJA, palestrou sobre a história da Colônia, desde sua inauguração em 1924 até fins da década de 50. Janis nos apresentou à uma época em que a CJM era considerada o hospital modelo da atuação federal na saúde pública., as várias visitas da Getúlio Vargas ao estabelecimento, as modernas técnicas terapêuticas implantadas pelos médicos e a superpopulação decorrente do fechamento de outras instituições psiquiátricas no Rio de Janeiro. Também foi abordado o início das vilas de moradias que originaram o bairro em que se transformou a CJM. A palestra foi bastante apreciada pelo público, que contribuiu com várias perguntas sobre o passado da CJM.
Na parte da tarde, as atividades foram divididas. Primeiro foi realizada a caminhada histórica pelo centro histórico da Colônia, dirigida por Valdeir Costa, também integrante do IHBAJA. Valdeir destacou os aspectos históricos e geográficos de Jacarepaguá, como por exemplo, a importância mística e religiosa que a área da atual colônia possuía para os índios tupinambás antes da colonização portuguesa, a divisão de sesmarias, com a doação da sesmaria de Jacarepaguá à família Correia de Sá e a importância da produção do açúcar para a colonização e do antigo Engenho Novo, que deu origem à CJM, quando desapropriada pela união em 1912. Valdeir, também em palestra muito elogiada pelo público, percorreu o Centro Histórico, apresentando as construções do antigo engenho e da Colônia e suas respectivas funções, com destaque para a Igreja Nossa Senhora de Remédios e o Aqueduto.
Seguindo a programação, após a caminhada histórica ocorreram uma nova palestra de Janis Cassília e do professor da PUC-Rio Guilherme Guttman. Guttman refletiu sobre o que é a loucura, a loucura de cada pessoa dentro do seu intimo. Já Janis Cassília abriu espaço para uma conversa sobre os processos sociais que estão ocorrendo dentro do espaço da Colônia, em destaque para a questão dos grandes eventos que o Rio sediará.

Seguem abaixo fotos do evento:


A diretora do Museu, Raquel, como mediadora e a palestrante Janis Cassilia.


Início da caminhada histórica.


Caminhada histórica, Morro Dois Irmãos.


Valdeir Costa durante a caminhada histórica.





No portão secundário do Antigo Engenho Novo, Centro Histórico da Colônia.


Valdeir Costa palestrando.


Sob o aqueduto da Colônia.




Fim da caminhada histórica, fornos do antigo engenho.


Palestra da Tarde.


Janis Cassília, a mediadora Bianca e Guilherme Guttman.


Público.
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