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domingo, 12 de julho de 2015



Nenhuma informação pudemos obter sobre as origens e o início da trajetória do advogado Heitor Rocha Faria no PCB. O registro mais remoto data de 1947, logo depois da cassação do PCB pelo Supremo Tribunal Eleitoral, quando H. R. Faria impetrou um habeas corpus, posteriormente negado pelo Supremo Tribunal Federal, em favor de Luiz Carlos Prestes e outros dirigentes do PCB.
Sabemos, contudo, que sua trajetória guarda muitas semelhanças com a de seu companheiro de partido e profissão, o também advogado Pedro Coutinho Filho. No que tange a luta pela terra, H. R. Faria atuou como advogado dos “posseiros” e “arrendatários” da Fazenda Coqueiros, em Santíssimo, por meio da Associação de Lavradores da Fazenda Coqueiros(ALFC). Tal organização foi criada em 1952 e tudo indica que ela tenha sido idealizada por ele e Lyndolpho Silva, seu primeiro presidente. Além das “providências jurídicas”, H. R. Faria participava ativamente das discussões dos Encontros e Assembléias organizadas pela ALFC, opinando sobre encaminhamentos e propostas de cunho propriamente político. Também teve presença destacada na I Conferência dos Lavradores do Distrito Federal (1953), chegando a ter sua “Tese” de número nº 13 aprovada para constar do documento final desse encontro. Por meio dela, propugnava os seguintes pontos: que “a lavoura” devesse ser “explorada obrigatoriamente e privativamente pelas Associações de pequenos lavradores”; conjugação das Cooperativas de produção e de consumo na Constituição das Associações; atribuir às Associações o “serviço social a ser prestado ao lavrador”. Ele seria também, na condição de “advogado e consultor jurídico” da ALFC, o secretário-geral da I Conferência dos Lavradores do Distrito Federal em 1958. É muito provável também que o advogado tenha sido um dos principais elaboradores da “Carta do Lavrador”, espécie de documento final do encontro, e que foi oficialmente proposta pela ALFC.






Mas a atuação de H. R. Faria no movimento de luta pela terra não se limitou àquela localidade do Sertão Carioca, pois teve também papel de destaque na luta dos “posseiros” de Jacarepaguá também, atuando como advogado.
Sabe-se que Heitor também teve notável participação em Jacarepaguá como militante pecebista, instruindo e coordenando os pequenos lavradores da região na montagem e organização de entidades associativas. Ele vinha periodicamente a Jacarepaguá participar de reuniões e eventos políticos nas Associações de Lavradores, no Comitê Democrático Progressista e na Liga Camponesa.
Sua filha Rhonneds Aldora nos conta que ele era chamado em Jacarepaguá para participar de casamentos, churrascos e batismos. Era tanta a admiração dos posseiros da região por ele, que Heitor acabou sendo o padrinho de vários de várias crianças. O que mostra o elevado grau de reconhecimento de todo o trabalho que ali desenvolvia. E isso sem cobrar um tostão. Rhonneds diz que ele não tinha coragem de cobrar de pessoas tão humildes. Todo o serviço jurídico era realizado gratuitamente.

Leonardo Soares é pesquisador do IHBAJA e professor da UFF
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