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terça-feira, 19 de julho de 2016

O DIA EM QUE A LOUCURA VIROU CASO DE POLÍCIA E DAS FORÇAS ARMADAS

Por Janis Cassilia 
Pesquisadora do IHBAJA e professora
Mestre em História das Ciências e da Saúde

Colônia Juliano Moreira.  Carros patrulhas da Polícia Federal e um Urucu do exército chegam. Um grupo de servidores, médicos, líderes sindicais, familiares e internos se reúnem em manifestação contra a posse do interventor federal na direção da instituição.  Câmeras de TV registram o momento. Os repórteres entrevistam o assistente do ministro da saúde que responde “que aparato policial?”. A repórter afirma “15 homens da polícia federal!”. “Pode até aparecer mais” foi a resposta obtida.

Manifestantes contra a intervenção federal na porta do Bloco da Administração da Colônia em maio de 1988. Eram médicos, funcionários, líderes sindicais, pacientes e familiares fizeram uma manifestação pacífica. Imagem de reportagem da TV Globo. Retirado do documentário sobre a Colônia Juliano Moreira, RJ – 80 anos. Acesso em https://www.youtube.com/watch?v=vjfahlwn-n4


Em 24 de maio de 1988, o movimento pela reforma psiquiátrica ganhou força na Colônia, quando o Ministro da Saúde decidiu intervir na direção das Instituições Psiquiátricas Federais. O movimento denunciava as más condições das instalações psiquiátricas e as condições desumanas aos quais estavam sujeitos doentes e funcionários. Porém, o governo, que tinha acabado de sair de um período de ditadura e repressão, via neste movimento um indício de desordem que precisava ser controlada.

Policiais Federais armados em frente ao bloco sede da administração da Colônia Juliano Moreira. Imagem de reportagem da TV Globo. Retirado do documentário sobre a Colônia Juliano Moreira, RJ – 80 anos. Acesso em https://www.youtube.com/watch?v=vjfahlwn-n4

O ano de 1988 foi conturbado no plano político e na saúde. Uma greve geral dos funcionários da saúde federal levou 15 mil servidores a paralisarem suas atividades por 15 dias, inclusive na Colônia. Além disso, acusações de desvio e corrupção dos diretores da Colônia e do Hospital Pinel, e reportagens que “denunciavam” que as condições sub-humanas continuavam a existir na Colônia, o que a tornou alvo da segunda intervenção federal. O diretor foi afastado e um interventor escolhido para ocupar a direção da instituição.

Reunião e debate durante a manifestação em 1988. Imagem de reportagem da TV Globo. Retirado do documentário sobre a Colônia Juliano Moreira, RJ – 80 anos. Acesso em https://www.youtube.com/watch?v=vjfahlwn-n4


Não foi à toa, que o Ministério da Saúde destacou equipes da Polícia Federal e da Polícia Militar. Além de que um carro de combate e o Delegado do DOPS também compareceram. Ainda que a redemocratização estivesse acontecendo, velhas táticas de intimidação foram utilizadas e escancaradas na imprensa. Os manifestantes não cederam e resistiram pacificamente. Derrotado, o Ministério da Saúde postergou a posse do interventor. No fim, o processo de transferência da Colônia para o do Governo Estadual começou. E a presença do carro de combate blindado, diante de tão pacífico, mas decidido grupo de manifestantes, levou as forças armadas a dar explicações de que tudo não passou de uma “infeliz coincidência”.

Carro de combate chamado Urucu fazendo manobras em frente ao bloco da administração da Colônia Juliano Moreira. A participação deste carro blindado teve repercussão negativa na imprensa. As forças armadas justificaram a presença para treinamento de futura competição na área do exército anexa à Colônia na época. Também afirmou que se tratava de um carro “Cascavel” e não um “Urucu”. Imagem de reportagem da TV Globo. Retirado do documentário sobre a Colônia Juliano Moreira, RJ – 80 anos. Acesso em https://www.youtube.com/watch?v=vjfahlwn-n4

Fontes:
1. Jornal do Brasil, edição de 24 de maio de 1988. Disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional - http://hemerotecadigital.bn.br
2. Trechos reportagem Rede Globo disponível no documentário Colônia Juliano Moreira, RJ - 80 anos. Disponível em  https://www.youtube.com/watch?v=vjfahlwn-n4

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Cerimônia de Moção Honrosa ao IHBAJA

Convidamos  a todos para a Cerimônia de entrega de moção honrosa ao Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá (IHBAJA) por serviços prestados na área de pesquisa, preservação e divulgação da memória, história, patrimônios culturais e históricos da Região da Baixada de Jacarepaguá.
Em tempos de inúmeras mudanças e intervenções no bairro, com a crescente urbanização e transformação do espaço, impactos em sociedade tradicionais como as quilombolas e de luta dos movimentos sociais da região, o trabalho do IHBAJA é bem-vindo como forma de reflexão da história local e elaboração de propostas de caminhos para o futuro de Jacarepaguá.
Dessa forma, o vereador Brizola Neto oferece ao IHBAJA a moção honrosa por suas atividades.

PROGRAMAÇÃO:
- 10h. Abertura com um filme de Brizola.
- 10h05. Exposição do vereador Leonel Brizola sobre a trajetória política de seu avô.
- 10h30. Outro filme com Brizola.
- 10h35. Abertura da palavra para os convidados.
- 11h. Outro filme com Brizola.
- 11h05. Início da homenagem ao IHBAJA com a palavra do vereador.
- 11h08. Palavra do representante do IHBAJA.
- 11h35. Entrega da Moção e fotos.
- 11h40. Encerramento.



Estamos felizes pelo reconhecimento e aguardamos a todos para comemorar conosco!
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